quarta-feira, 22 de julho de 2009

Desmatamento


So Real - Jeff Buckley


- Lia...? Posso entrar?
- Claro, Nando. Entra... É o teu quarto, afinal. - ele entrou e deitou na cama enorme, bem perto de mim.
- Não quero atrapalhar teu sono.
- Hum... Cadê o resto? Ainda tá vendo filme?
- Tá. Eu vim ver como tu estás. - Pressionou seus lábios nos meus. Rápido e suave.
- Eu to bem, Nando. Só um pouco cansada, mesmo... Uma boa noite de sono resolve.
- Então dorme, Li. Eu te acordo mais tarde, pra tu ires pra casa. - E ficou ali, me olhando. Como quem quer velar meu sono. Como se isso fosse o que mais importava.

Eu fechei meus olhos. Minha imaginação, incontrolável e louca, começou a trabalhar em volta de nós dois. Lembrando do último fim de semana. Repassando o nosso primeiro beijo, e tudo o que nos levou a ele. A praia. A lua cheia. As palavras doces e leves, que voavam dele e pousavam direto no meu coração. Palavras, que de repente pareceram criar raízes. Que se transformaram na mais sólida floresta de esperança que meu coração já permitiu crescer. Eu sorri. Abri os olhos e ele ainda estava me olhando. Ele também sorriu.

- Pensando em que, Li?
- No fim de semana... - Fechei os olhos, ainda sorrindo. E ele me beijou de novo. Não tão suave, dessa vez.

Eu continuei meu devaneio de nós dois... Ele me levando pra casa dele, insistindo em me apresentar pros pais dele. "Mas eu quero te apresentar oficialmente", ele disse quando lembrei que já os conhecia. Oficialmente. Não importava há quanto tempo eu os conhecia, eu também queria conhecê-los oficialmente. Nossas mãos entrelaçadas. Um abraço carinhoso e protetor. Quase possessivo. "Olha, pai. Ela é minha, agora". E o meu sorriso bobo, denunciador. Gritando, pra qualquer um, a única verdade dentro de mim. Eu queria ser dele. A floresta de esperança, densa e forte. Real. Espalhando sentimentos por todo meu coração. Firme, como se estivesse ali desde o início. Desde sempre.

- Sabe, Lia... acho que isso vai ser bom. A gente ficando de vez em quando. Curtindo, uma vez ou outra. Vai ser divertido.

E eu fiquei de olhos fechados, com medo que eles me traíssem e revelassem a dor que aquelas novas palavras causavam. Tratores arrancando cada árvore do meu coração pela raiz. E desaparecendo, deixando pra trás o meu, agora, devastado coração de floresta.

8 comentários:

Fernanda Sandrini disse...

Que lindo seu blog, Parabéns!

Gostei muito das postagens, o texto é maravilhoso!

abraços

Mayara disse...

Adorei seus textos. E a forma com que você escreve *-* é esplendido!

se quiser , passe no meu blog também (:
http://aboutbliss.blogspot.com/

Beijos

Anônimo disse...

nossa, mas é bem assim.. quantas vezes não deixamos os sentimentos criarem raizes em nosso coração e vem alguem e os arranca? realmente é uma comparação perfeita com uma floresta desmatada. O vazio no nossos corações, a falta das arvores para a floresta.

Shaddix Hime disse...

Amei o texto! *-*

Bjus

Letícia Pinheiro disse...

Muito bom o texto!
Parabéns!

Itamar (japa) disse...

legal o texto, sentimento forte rolando ..hehe..

bacana ..saudações!!

Brenda Rodrigues disse...

a entendo , eu tambem penso da mesma forma , assim como disse na postagem .

é isso aê , não faça nada qé voc venha a se arrepender .. tatoo , tem qé ser algo bem pensado

teu blog tá seguido amor

segue o meu tambem ?

/ beijos

Brenda Rodrigues disse...

Obg por seguir

eita , então voc é bem responsável ... por que ja é dona do seu nariz :D
parabéns

eu quando puder quero fazer váaaaaaarias estrelas .. meu namorado tá doido pra fazer uma tatoo , e elee só tem 16 anos , mais a mãe dele deixa e tal's aê émais fácil ..

/beijoos