quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Rapidinhas da Lia.

Olá, queridos! Cá estou eu, novamente.
E hoje tem:

1- Texto!

No jantar de noivado da Manoela...
- O que tu estás fazendo aqui?
- Conhecendo o imbecil do noivo da minha prima.
- Ela sabe que ele é um imbecil?
- Ainda não.
- E o que tu vais fazer?
- Ainda não decidi.
- Adianta fazer alguma coisa?
- Deixar minha prima cometer o pior erro da vida dela - incluindo o corte que ela resolveu usar em 2004 - é que eu não vou.
- 2004? Era muito ruim?
- Se eu fosse ela, destruía todo e qualquer registro.
- Ugh. Prefiro nem saber.
- Me pergunto se não seria melhor...
- Ah, vai. Dá um desconto.
- E por que deveria?
- Em homenagem aos velhos tempos?
- Como se isso valesse alguma homenagem...
- Não me lembro de te ouvir reclamar.
- E por que reclamaria? Preferi ficar calada, torcendo que tudo acabasse logo. Reclamar só prolongaria a coisa ainda mais.
- Eu, hein. Precisa ser tão dura?
- Ahh, magoou?
- Cínica.
- Burro.
- Burro?
- Tu sabias meu sobrenome. Não desconfiaste nem por um momento que eu poderia ter algum parentesco com a Manoela?
- ...
- Burro.

2-Música!

Simplesmente, não consigo tirar essa música da cabeça.

3- E filme!

Na Natureza Selvagem (Into the Wild)
ano de lançamento (EUA): 2007
direção: Sean Penn
atores: Emile Hirsch, Marcia Gay Harden, William Hurt, Jena Malone, Brian Dierker
duração: 02 hs 20 min
descrição: aqui.

Um filme lindo, com uma trilha sonora demais [com dedos - e voz - do Eddie Vedder]. Nessas horas que eu queria ser uma boa resenhista, pra passar pra vocês o quão bom é esse filme. Dá uma vontade de fazer o que ele fez... uma vontade de viver assim.
Enfim... Recomendo.

;**

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ainda Encontro a Fórmula do Amor?

Ela não era do tipo que esperava pelo príncipe encantado. Já conhecera sapos suficientes pra afastar essa ideia da cabeça. Claro, ela sabia admirar qualidades, mas também tinha plena consciência dos defeitos. Esperava, sim, por alguém bom, mas nunca perfeito. Perfeição não existe, ela sabia. Mas não só não esperava, como não queria! Perfeição deveria enjoar, ela imaginava.

Sempre fora bastante racional. Considerava e objetivava sentimentos. Racionalizava qualidades e defeitos, pesava-os e decidia se valiam à pena ou não. Isso sempre a ajudou e protegeu na hora de fazer escolhas. Porque, sim, ela escolhia. Escolhia arriscar. Mas nunca era arriscado. Suas escolhas eram seguras. Pragmáticas. O Bom menos o Ruim. Resultado positivo, ia em frente. Negativo? Não dava mais um passo sequer.

Parecia insensível. Mas ninguém poderia dizer que ela era infeliz. Ela era segura, bem resolvida, tranquila e feliz. Vivia bons relacionamentos com pessoas agradáveis, que combinavam com ela e colaboravam pra sua felicidade. Um toma-lá-dá-cá, como qualquer relacionamento deve ser, com a única diferença de ter surgido de uma fórmula. A velha fórmula do amor.

Mas seria possível? Poderia alguém encontrar tal fórmula? Ela acreditava que sim. Não só acreditava, como vivia a fórmula. Fazia os cálculos cuidadosamente. Analisava os resultados. E vivia o amor. Ou assim pensava...

Nunca havia duvidado da eficiência da fórmula. Estava plenamente satisfeita com a vida que levava, baseada na ciência do cálculo. Até que – sempre, mas sempre tem um “até que”, não duvide – ele surgiu. Ele. Aquele que contestaria a sua ciência. Aquele que embaralharia números e operações, e derrubaria sua fórmula.

Seus defeitos misturavam-se às qualidades. Ela não conseguia distingui-los, para então equacioná-los. Ficou confusa. Sua segurança a abandonou. Sua tranquilidade foi abalada. Repeliu-o, mas tudo a prendia a ele. Tinha curiosidade. Ela queria decifrá-lo. Entendê-lo. Ela dependia da sua fórmula pra definir as pessoas, e ele permanecia indefinido. Isso era inconcebível. Por mais medo que sentisse, precisava permanecer ao lado dele. Isso era incontestável. E, assim, passou a conhecê-lo.

Jogou fora a sua fórmula. De que ela lhe servia? Ele era inequacionável. Seus defeitos e qualidades se fundiam, como para completar o seu ser. Separá-los e adicioná-los era impossível, pois eram um só. Eram parte dele. Do todo. E esse todo... nossa, como era lindo! E como encaixava com o seu ser! E era só disso que ela precisava. Era só isso que ela buscava, mesmo sem saber. E teve sorte de encontrar.

Desde então, só um assunto da matemática a interessava: conjuntos. E era o conjunto da vida dela intercedendo com o conjunto da vida dele.











* * * * *

domingo, 11 de outubro de 2009

Reconhecimento

Dizem que certas coisas a gente nunca esquece. Quando procurei no Google, o que mais as pessoas parecem não esquecer é do "primeiro-qualquer coisa"... O primeiro porre, encontro, acordo, protótipo... o primeiro "primeiro". Mas e quando a gente teima em lembrar daquilo que ocupa um número qualquer na vida? E quando a gente não esquece aquilo que parecia ser tão facilmente esquecido?

Não, tu não és o meu primeiro "primeiro", nem segundo amor, ou terceiro beijo. Tu és um número qualquer, que o meu corpo teima em não esquecer. Alguém que deveria estar esquecido, mas que a minha mente não me deixa afastar por mais que algumas horas. Que meus olhos parecem ter resolvido ficar em alerta constante pra qualquer sinal da janelinha, no canto inferior direito do monitor. Que faz meu coração me cutucar, como pra me lembrar de tudo isso, cada vez que vejo. E, como se não bastasse, alguém cujas mãos as minhas reconhecem como se fossem uma simples extensão delas.

E eu queria tanto poder ver esse reconhecimento nos teus olhos. Queria sentir que as tuas mãos também se confortam nas minhas. Queria que teu coração dançasse no mesmo ritmo que o meu. Queria entender... Mas não entendo. E tenho medo. Medo que me reconheças. Que eu seja o teu conforto e o teu ritmo. Medo.

Não, eu não quero que tu esperes de mim o que eu espero de ti. Eu não sou pra ti. Eu não sei ser. Por isso distraio minha mente. E desvio meus olhos da tua janelinha. Por isso ignoro meu coração. E escondo minhas mãos das tuas. É puro medo, amor. Eu queria muito nos reconhecer... Me desculpa. Eu queria, mas não consigo.

* * * * *

Escrevi enquanto ouvia, repetidamente:
Alexandre Desplat


e Dario Marianelli

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Principiando



- Eu gosto tanto dessa estrada...
- Eu também. Tem uma fazenda que eu quero pra mim, desde pequeno.
- Seria uma que a casa fica na beira de um lago, e tem um trapiche?
- Essa mesma!
- Também sou apaixonada por essa fazenda, desde pequena. Sempre dizia pra mamãe que eu ia ter uma igualzinha.
- E a gente pode ter uma família inteira de Golden Retrievers.
- Tá decidido. Hehehe...
- Que foi isso?
- O que?
- Tu fizeste uma cara estranha... E viraste o rosto.
- Eu fiz isso?
- Desculpa... Eu pensei que... Muita coisa foi dita ontem.
- Nando, não te preocupa. Eu entendo... A gente não tava no nosso estado normal.
- Mas... Lia, eu não disse mentira alguma, ontem. Tudo o que eu te falei, é o que eu sinto. O fato de estar fora do meu estado normal não me fez imaginar o que sinto por ti. A única diferença, se eu estivesse sóbrio, é que eu não teria dito nada... Não teria coragem de dizer.
- Nesse caso, eu fico feliz que tenhas dito. Eu sempre achei que as coisas deveriam ser assim. Esconder sentimentos só deixa a coisa mais difícil. Se tu não me disseres o que tu sentes ou queres, eu não posso adivinhar. Nem tu podes me entender, se eu não me mostrar pra ti. Então... eu acho que a gente fez certo. E deve continuar assim.
- Então a gente vai ser do tipo que fala tudo o que sente?
- A gente pode tentar.
- Isso seria, no mínimo, diferente.
- Por isso que eu acho que vale à pena tentar. Eu sempre vejo os casais vivendo essa brincadeira de adivinhação. Ninguém diz o que quer ou pensa, mas os dois esperam que o outro seja exatamente o que querem e pensam. Meio difícil de acontecer...
- É verdade... Acho que a gente acabou começando bem, afinal.
- Também acho... E eu também não disse nada além do que sinto, Nando. Tu realmente tens sido parte significativa da minha paz, ultimamente.
- E tu tens sido a minha paz.
- E vou fazer o que puder pra continuar sendo.
- Então a gente tá namorando?
- Isso é um pedido?
- É.
- Então a gente tá namorando.
- Olha a nossa fazenda.
- Posso até ver os Goldens correndo, perto do lago...