quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Exigências da vida moderna (quem agüenta tudo isso??)

Lembra da história do tempo, a dois posts atrás?

Pois é... Sempre quis postar esse texto.


Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro.
E uma banana pelo potássio.
E também uma laranja pela vitamina C.

Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água.
E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão).

Cada dia uma Aspirina, previne infarto.
Uma taça de vinho tinto também.
Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso.
Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem.
O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.

Todos os dias deve-se comer fibra.
Muita, muitíssima fibra.
Fibra suficiente para fazer um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente.
E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada.
Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia.

E não esqueça de escovar os dentes depois de comer.
Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax.
Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.

Tem que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.
Sobram três, desde que você não pegue trânsito.

As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia.
Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).

E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.

Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.

Ah! E o sexo.
Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina.
Tem que ser criativo, inovador para renovar a sedução.
Isso leva tempo e nem estou falando de sexo tântrico.
Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação.

Na minha conta são 29 horas por dia.

A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!!!

Tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos e seus pais.

Beba o vinho, coma a maçã

Agora tenho que ir.

É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro.

E já que vou, levo um jornal...
Tchau....

Se sobrar um tempinho, me manda um e-mail.

Luís Fernando Veríssimo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Nota de Pesar

Não era um dos meus melhores dias. Aliás, podemos estender isso à semana que se passava. Eu havia perdido minha última gota de esperança na realização de um dos meus sonhos, e meu humor estava perigosamente abalado. Sorrir não parecia tão natural, e as conversinhas baratas eram tediosas, quando não irritantes.

Acho que nem preciso dizer como eu me sentia comigo mesma, né? Digam o que quiserem, mas a falta de esperança pode ser o pior dos sentimentos. Ou “não-sentimentos”, o que me parece mais apropriado. Eu fiquei sem perspectiva. Não conseguia enxergar o que viria ou o que fazer. Foi bem difícil...

(...)

Certo, eu tentei escrever isso no passado. Tentei procurar uma forma de transformar essa história em algo menos lúgubre. Tentei encontrar algum consolo em um amor inesperado. Tentei. Não consegui. E a culpa é da esperança, que me abandonou. Foi embora antes de mim. Me deixando aqui, no escuro, sem saber o que fazer.

Não, essa história nada tem a ver com o amor. Não é esse tipo de sonho que me despedaça dessa forma. Afinal, eu acredito em amores. No plural. E o meu sonho perdido não vai se resolver com uma nova alma afim [já comentei aqui sobre a minha teoria de almas afins?]. Eu preciso, mesmo, encontrar minha esperança. Há cinco dias ela fugiu. E eu não sei mais onde procurar.

Acontece que eu vi algo que não desejo a ninguém. Vi um sonho escorrer pelo ralo. Meus planos desmoronarem, como se o Lobo Mau soprasse na porta do meu maldito castelo de cartas. Mas não era o lobo mau. Era pior. Era o mocinho. Logo ele, que deveria ser o responsável por toda a beleza da história...

E eu pude sentir o efeito de cada palavra por ele proferida. A dor física. Incrivelmente palpável. Mas uma dor que eu não sabia onde começava ou terminava. Ardia. E, depois, o nada. O espaço que essa esperança traiçoeira me deixou. Um vazio, preenchido pela desesperança. Uma bola que me mantém ao ponto de me desfazer em lágrimas, a todo instante.

Pude até sentir a preocupação da minha mãe. Notei como ela compreendera meu pesar e procurava me deixar viver meu pequeno luto pessoal. Não sei se ela ainda pode enxergar esse “não-sentimento” nos meus olhos. Não sei se ela tem alguma noção do quanto isso ainda me aflige. Mas eu espero que não. Já basta a minha dor.

E eu sei que tenho tendências dramáticas. Sei que o meu lado Lia pode transformar a morte de uma barata em algo extremamente depressivo. Mas, salvo a minha tentativa frustrada de romantizar esse momento [vide os dois primeiros parágrafos], não é a Lia que vos fala. Sou eu, anonimamente descarregando meus [não]sentimentos, como diria o Ivens, sem pudor. Sem exageros ou fantasias. Minha desesperança me privou de tais artifícios.

Quem disse que a Esperança é a última que morre, não conhecia a minha.

Um desabafo de fim de ano.

                   1PapaiNoelPunk

Eu queria que o tempo não passasse. Que as coisas boas permanecessem como foram, um dia. E que as pessoas não fossem embora. Queria poder reviver meus melhores dias, enchendo um ano inteirinho só deles. Ter sempre meus amigos à distância de alguns minutos. E ter tempo pra eles.

Mas acho que o tempo não foi feito pra isso. Ele aprisiona a gente, tranca e sai correndo. Corre feito louco. Ninguém o alcança. Quando ele quer, ele que nos alcança. Aparece, de repente, e reivindica seus direitos pelo nosso tempo. Como quem diz: eu sou o teu tempo, e quando eu chego, não tem jeito.

Não, não é sobre o fim do nosso tempo que eu quero falar. Eu quero falar do que nos resta. Do pouco tempo que temos, quanto mais tempo passa. Quero falar que, quando a gente é pequeno, os dias são longos, os meses esticados e os anos intermináveis. Quanto menos idade, mais aquelas 24 horas parecem abarcar toda a nossa vida.

Mas o tempo, como ele é, passa. E parece que os dias não tem mais 24 horas. E a gente não entende como espremer um dia em tão pouco tempo. Tem que estudar, trabalhar, cuidar da saúde do corpo e da mente. Tem que estudar mais, pra poder trabalhar mais, e precisar cuidar mais do corpo e da mente.

E, então, quem vive só disso? Onde ficam aqueles amigos que passavam as tardes com a gente? Em que momento do dia eu vou parar pra saber como vão aqueles que passavam tanto tempo comigo? E quando eu vejo meus avós? Que horas, pelo amor dos céus, eu vou passear com meu cachorro? Isso, acima de qualquer coisa, faz um bem danado pra mente. Relaxa, distrai e alegra.

Nossa, eu não sei como cheguei aqui. Também não era isso que eu queria falar, quando comecei a escrever. Eu queria mesmo falar como as pessoas acabam seguindo os seus caminhos, e  da saudade que fica. Sabe? Aquela coisa do último ano do colégio? Aquela pulguinha que fica questionando como vai ser agora que cada um escolheu o seu caminho? Quer saber a verdade? Essa pulguinha é a mais legal de todas.

A gente escolhe, sim, um caminho diferente. Vê os amigos de todo dia tornarem-se amigos de vez ou outra. Mas, quer saber? Amigo amigo não se perde por isso. É meio clichê, mas amigo independe de distância e tempo. Às vezes o contato pode ser quase nulo, e passam semanas, até meses, e a gente sabe que a amizade tá ali.

E viva as fotos! Viva a memória! Viva os sites de relacionamento! Hahaha. Vai dizer que nunca foi no orkut daquele amigo quando bateu aquela saudade? Eu já. Nem que seja só pra dar uma olhadinha. Sem scrap. Sem nada. Só pra lembrar histórias. Sorrir, sentindo aquele aperto misturado com calor que só pode significar bons momentos vividos.

A verdade, é que eu disse tudo isso pra confessar uma coisa: há alguns anos, eu odeio o Natal. A falsidade. A hipocrisia. A confraternização forçada. Só queria presentes. Mas esse ano não. Eu venho contando os dias pra dezembro. Pras festas. Pra reunião. E não, eu não to falando de um natal igual a todos já vividos. Esse ano é diferente.

Esse ano, eu tenho esperado, doente de saudade, o retorno daqueles que foram morar longe. Esse ano, o natal significa o alívio da saudade. O reencontro. Porque o pior não é quando a gente escolhe a faculdade, o curso, o caminho. O “pior” é quando a gente começa a seguir esse caminho. A buscar a vida. Aqui. Ali. E a distância não é mais de minutos. A distância requer aviões. E, mais uma vez, viva os sites de relacionamento! Viva a Internet!

Mas não pensem que eu fico triste vendo meus amigos encontrando seus caminhos. Eu sou egoísta, mas não tanto. Fico feliz, e muito! Quero a felicidade deles tanto quanto quero a minha. E espero um dia encontrar minhas asas, e seguir o meu próprio caminho. Por enquanto, construo. E espero, ansiosamente, por um natal repentinamente promissor.