quinta-feira, 28 de julho de 2011

Meu sorriso sem graça chorou

E então já não me importa que todos saibam, muito menos o que têm a dizer sobre o que já foi e o que há de vir. Não quero ouvir “eu te falei”, nem quero condescendências. Ninguém me preparou pra isso. Ninguém disse que ia doer tanto. Não quero que venham com conselhos, ombros ou lenços. Não me apareçam com notícias, consolações ou novos caminhos. Não quero mais ver, saber o que acontece, pra onde vai, muito menos com quem. Não quero pensar em filmes ou músicas. Não quero mais nada. Não quero mais. Só quero esquecer tudo isso. Deixar pra trás. Ou fingir que tudo ficou pra trás, até, quem sabe um dia, finalmente acreditar que não perdi nada, que nada me faz falta, e que o que eu tinha antes não era muito mais do que esse quase nada que perco hoje.

terça-feira, 29 de março de 2011

Rebeldias à parte…

- Eu cheguei a acreditar que isso não existia… ou que pelo menos não existiria pra mim, porque eu via as outras pessoas vivendo isso, mas resolvi acreditar que eu simplesmente não nasci pra isso, que eu não merecia, por alguma razão cósmica ou não, ser feliz com alguém. Tava realmente desacreditada.

- Não fala besteira, Li.

- É sério. Eu já tinha me conformado com a minha condição de solteirona, aquela que toda a família olha meio torto, se perguntando o que realmente acontece na vida daquela pobre prima solitária… “certeza que ela é sapata!”… “deve dar pra todo mundo escondida”… eles imaginam de tudo, eu sei.

- Lia, quanto absurdo… quer parar de pensar em tanta bobagem? Essa tua cabecinha não tem limites, mesmo. Tenta desligar isso, e presta atenção no filme.

- Não, Caio, tu não estás entendendo. Eu realmente achava que tava fadada ao solteirismo eterno. Eu acreditava piamente que todos os péssimos “não-relacionamentos” que eu tive eram exatamente aquilo que eu merecia, e que eu os mereceria para todo o sempre. E isso aqui é tão diferente! Nunca pensei que isso poderia acontecer de verdade. É maravilhoso! Sabe? É uma coisa que eu nunca senti antes, é uma sensação de bem-estar, de paz e tranquilidade, mas também de uma ansiedade prazerosa… eu nunca achei que isso fosse possível! Sempre foi uma agonia, uma incerteza… ou até mesmo uma certeza do pior. Isso aqui é completamente diferente… É confortável, sabe? Tu estás entendendo o que eu to querendo dizer?

- To, Lia… E eu também te amo.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Seja algo que você ame e entenda.

Quando eu tinha uns nove anos, fiz parte do grupo dos Pesquisadores Mirins do Museu Emilio Goeldi. Lembro de ficar maravilhada com aquele mundo verde e vivo, e do quanto me senti especial e superior por poder ultrapassar aquela corrente com a placa de Proibida a Passagem, e fazer parte do seleto grupo de pessoas que chegou a conhecer a área veterinária do Goeldi. Desde então eu tive certeza de que seria bióloga.

O tempo foi passando, e eu comecei a me interessar mais pelos mistérios do mundo aquático e tudo aquilo que o envolve. Essa curiosidade somada à vontade de aprender a surfar, na minha cabeça de menina, só podia significar que eu moraria em Florianópolis e seria oceanógrafa.

Cresci mais um pouquinho, e descobri que o que eu mais queria era viajar e trabalhar pelo mundo. Ora, o que mais eu seria se não diplomata? Bastava agora decidir qual curso me daria melhor base pra chegar no Itamaraty, mas isso não ocupou muito a minha mente. Talvez tenha parado pra pensar nessa questão quando fiz minha inscrição nos processos seletivos seriados das Universidades, no 1º e no 2º anos do Ensino Médio, mas pra quê se preocupar com isso agora? Eu ainda tinha tempo.

E então eu cheguei Naquele Ano. O último ano do começo de tudo (tive que mandar essa). Aquele ano em que o formulário de inscrição das Universidades faz aquela pergunta definitiva: mas, afinal, o que tu queres fazer pro resto da tua vida? "Cara, eu tenho 17 anos, como eu vou saber!?", foi o que eu pensei. Juro que admiro as pessoas que sabem, cursam e são felizes para sempre. Juro. Mas eu não fui capaz. Eu mal sabia o que não queria, imagina se eu saberia do que iria gostar pro resto da minha vida!

Foi aí que eu fiz seis meses de Direito na Unama, e tive a mais absoluta certeza de que era isso mesmo que eu queria, tanto que larguei a Unama e fiz vestibular mais uma vez pra Direito, e passei agora na UFPA. Se eu pudesse fazer uma visitinha pro meu eu de 18 anos, eu daria na cara dela!

Hoje, eu completo 24 anos de idade, e deveria ter recebido o grau de Bacharel em Direito ontem, dia 23 de março, mas estou certa de que o meu destino está longe da carreira jurídica. Tenho orgulho dos meus amigos que devem estar amargurando uma das melhores ressacas de suas vidas, mas sei que o direito oferece um vasto leque de opções de carreiras que não me cabem. Quero é distância!

Meu mundo é o dos livros, não das leis. Eu quero oferecer livros, mundos, fantasias; não quero pedir, decidir, julgar... implorar. Eu quero cheiro de livro novo, não de processo velho. Eu quero trabalhar em uma editora, não em tribunais, escritórios, salas de aula ou o que seja. Eu tenho 24 anos e sei o que quero. Por isso pego emprestadas as palavras do Caio Fernando Abreu: Apronto agora os meus pés na estrada. Ponho-me a caminhar sob sol e vento. Vou ali ser feliz e já volto.

terça-feira, 22 de março de 2011

Romantismo à parte…

- Eu sempre lembro de ti quando ouço essa música…
- Então essa é a nossa música?
- Não foi isso que eu disse.
- Mas faz sentido.
- Explique-se.
- Eu penso em ti quando ouço “Life is Hard”, por causa daquela época… A gente perdeu tempo… Eu não via isso antes, mas acabei percebendo que não adianta me enganar, que a gente tem que ficar junto.
- Mas a gente nem tá junto…
- Lia, tu estás nua na minha cama, comigo, que estou igualmente nu, e essa não é a primeira nem décima vez que isso acontece.
- E daí?
- Isso não quer dizer que a gente tá junto?
- Não, isso quer dizer que a gente tá transando com frequência.
- Pô, Lia, tá de sacanagem, né?
- Não, pô! Se eu bem me lembro, faz sete meses que tu me pediste desculpa por me ver só como amiga, quando eu tava na tua frente, aos prantos, implorando que tu me amasses, e agora me vem com esse papinho!
- Papinho!? Eu to te dizendo que fui um imbecil por não ter visto antes, mas que agora vejo o quanto gosto de ti e quero ficar contigo, e tu dizes que eu to de papinho?!
- E não é papinho?
- Não. Eu quero namorar.
- Tu queres namorar?
- Quero.
- Desculpa, mas assim como tu vias uma coisa antes, e agora vês outra, eu também vejo. Eu passei semanas evitando meus amigos, porque eu sabia que tu estarias entre eles. Eu não conseguia pensar em ti sem chorar por três dias seguidos, depois que tu me fizeste acreditar que eu não passava de uma amiga pra ti. E eu acreditei. Agora quem te vê assim sou eu.
- Transando comigo?
- Tu não ficavas comigo e me vias como amiga? Acho que agora é minha vez.



* * * * *

Eu não gosto dessa versão, mas só encontrei essa aproveitável.
Paciência...

f.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Gigi sem Justin Long

Presa pela chuva, contando apenas com a companhia da minha agenda e meu estojo perdidos em algum lugar da minha bolsa, e uma boa ajuda das músicas do meu celular, pensamentos e ideias interessantes passaram a ocupar a minha cabeça. E depois de todas as lamúrias e “se’s” que me trouxeram a esta mesa da Camões, tirei a agenda e a lapiseira da bolsa, e me deparei com a situação que venho enfrentando desde… desde algum ponto do ano passado: o que escrever?

Pensei em tanta coisa, em tantos planos e possibilidades… e mais que qualquer coisa, pensei em ti. Em como as coisas têm acontecido, e em como tudo poderia ser diferente. Pensei em como seria se tu não tivesses uma namorada e se isso realmente mudaria alguma coisa, e pensei no que de fato as coisas são. Porque eu realmente não sei o que pensar quando tu me surpreendes com um elogio, como quando dizes gostar do que fiz no cabelo, ou que minhas mãos são bonitas ou o quanto tu gostas quando eu uso óculos. E fico totalmente perdida quando fazes coisas como vir falar comigo dizendo que meu avatar ficou quase perfeito, mas que eu fiquei linda do mesmo jeito. O que exatamente eu devo fazer com isso?! Eu juro que tento não encorajar nada, mas tá bem difícil segurar essa onda…

Sempre que tento entender essas coisas, acabo em um debate interno, onde parte de mim prova por A+B que isso é um comportamento normal de uma pessoa simpática e aberta que não pretende demonstrar nada além do que pensa e sente, o que geralmente confunde as pessoas, e o outro lado argumenta que uma pessoa comprometida não deveria fazer isso, de modo que essa atitude tem que significar alguma coisa, ainda que de alguma forma errada. E eu me sinto como a Gigi, daquele filme “Ele não está tão a fim de você”, vendo sinais em todos os lugares, principalmente onde eles não existem, e sem o Justin Long pra me dar conselhos e acabar ficando comigo no final.

Pior que isso é a sensação irritante de que na verdade eu faço parte de outro núcleo do filme, onde tu e eu somos uma versão pós acidente extremamente traumático do Bradley Cooper e da Scarlett Johansson, mas não é verdade. Eu sou a Gigi. Indubitavelmente. Porque, correndo o risco de parecer uma virgem de 13 anos, eu prefiro ser que nem ela, e realmente acreditar que existe alguém por aí que vai enfim mandar os verdadeiros sinais, e por quem eu vou ter a coragem de ser e viver tudo o que me for permitido, por mais que eu saia pegando sinais alheios a torto e a direito no caminho. Eu sou assim, ainda que tu não sejas o meu Justin Long. Na verdade, eu sei que tu não és. Porque tu estás mais pro Ben. Porque tu mereces a Anna. E eu sei que mereço o Justin Long.

 
Somewhere Only We Know - Keane