terça-feira, 29 de junho de 2010

Afinal, o que é isso?

- Oi. – diz ela, entrando no carro.
- Oi, tudo bem?
- Uh-hum, e contigo?
- Cada vez melhor.
- Isso é bom. Aonde a gente vai?
- Tu decides.
- Hum, cadê o resto dos amigos?
- Hoje, seremos só você e eu.
- Certo... E a gente quer o quê?
- A gente quer o que tu quiseres.
- Bruno.
- Quê?
- O que tu queres?
- Já disse, tu que sabes.
- Eu não to falando do lugar que a gente vai.
- Hum… Não?
- Não.
- Então sobre o quê?
- Sobre o que tá acontecendo. Eu to interpretando as coisas de uma forma, e quero saber se posso continuar assim, ou se devo parar de levar tudo o que tu dizes pro lado que eu quero.
- E que lado é esse?
- Acho que to distorcendo as coisas, mas...
- Mas...?
- Mas esquece. Vamos pro Old School. Hoje é dia de Beatles.
- Lia.
- Hum?
- Mas?
- Ok, é melhor resolver isso logo, né? Odeio ficar nessa dúvida, alimentando algo que talvez nem exista. Se é pra saber, é melhor que eu saiba de uma vez.
- Lia, tu estás tagarelando.
- Ai, eu sei. To nervosa.
- Por quê? - e ele leva a sua mão pra dela.
- Por isso.
- Isso o quê?
- Isso! - sacudindo as suas mãos unidas, fazendo com que ele retire a sua mão.
- Desculpa, não sabia que te incomodava.
- Não incomoda - e busca a mão dele novamente -, só me deixa mais confusa... E eu só queria saber o que significa...
- É essa a questão?
- É. O que isso significa?
- Se eu disser mais uma vez que tu decides, eu corro algum risco de morte?
- Hahahaha, talvez. Porque eu quero que tu decidas o que tu queres.
- Então eu quero isso.
- Isso o quê?
- Isso. - puxando-a para si, buscando a sua boca, mostrando e reclamando o que quer. E ela permite, afinal, era exatamente isso que ela queria.

Quem quer saber onde se vai, quando quem está justamente onde deveria estar?

 

domingo, 27 de junho de 2010

Era u… a minha vez.

Desacreditada. Era assim que me sentia depois de tanto tempo sem encontrar alguém que valesse à pena. A verdade é que eu tava cansada de tanta insignificância. Já esperava algo mais havia um bom tempo, mas esse “mais” parecia que não tinha a menor vontade de vir. E eu cansei. Já não procurava. Nem esperava… simplesmente seguia com a vida. Saia, ria, brincava e voltava pra casa, sem pensar em como aquela noite poderia – ou deveria? – ter sido bem diferente.

Por muito tempo, eu me perguntei se o problema tava em mim. Afinal, o que eu tenho de errado? Bom, talvez eu fosse errada mesmo. E não tinha mais vontade de inventar desculpas para minhas noites sozinha. “Eles tem medo de minha independência e segurança”, “eu intimido as pessoas”, “eu sou muito alta”. Desculpas. Eu podia até não querer pensar assim, parecia psicologia barata aplicada pelas amigas, mas eu sou muito praqueles que tinham passado pela minha vida. Pra quê negar?

Pessoas vazias. De algum modo, vazias. Eu sabia que não era exatamente o que precisava, mas teimava em dar uma chance. Às vezes duas, três… Por que não ver o que acontece? E eu sabia muito bem o que aconteceria, mas sempre esperava pra ver. O fim. Aquele completamente desnecessário. E seguia tentando me agarrar aos restos e migalhas daquilo que desejava tanto que fosse o que procurava. Enganando-me, descaradamente. Até que cansei. Desacreditei. E, lógico, perdi um pouco do brilho, sabe? Da vontade. É triste sentir que nada adianta…

Mas foi assim, nessa confusão de sentimentos, que eu te encontrei. Foi estranho pensar que finalmente poderia ser a minha vez. Depois de tanto tempo vendo e aconselhando os outros, ponderando e imaginando o que eu faria se fosse a minha vida, a minha história de amor, cheia de altos e baixos, como toda boa história deve ser. E eu pensei “e agora? O que eu faço?”. O medo que senti, nem consigo descrever... Fiquei apavorada. Quase me escondi em casa, e esperei passar. Mas como fugir de ti?

E é engraçado sentir que tu és justamente o que eu queria, até porque eu nem me lembro de pensar em como tu serias. Logo tu. Mas é tão fácil. É simplesmente claro ver o quanto cada detalhe teu encaixa perfeitamente com aquilo que me falta. A tua calma, teu jeito caladão. Sempre tentando ser justo, evitando julgar os outros. Correto, com a pitada quase certa de loucura. Como eu nunca tinha visto isso? E pensar que eu só te achava bonito… Talvez tenha sido aquele velho preconceito que tu falaste. Mas que culpa eu tenho se as minhas experiências me ensinaram a desconfiar do bonito?

Mas, quer saber? Ainda bem. Ainda bem que eu tenha passado por tudo o que passei. Ou que eu não tenha te visto antes. Talvez eu tivesse feito besteira. Talvez, se eu não pensasse como penso hoje, eu teria te deixado passar. E talvez, por isso, eu não estivesse vivendo a minha, finalmente minha, história de amor. E eu nem quero saber o que vai acontecer amanhã. Pela primeira vez, eu não me preocupo em fazer projeções. Não quero pensar no que pode vir, porque isso não me importa. O que eu tenho agora me basta.

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Incubus – Wish You Were Here