quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Gigi sem Justin Long

Presa pela chuva, contando apenas com a companhia da minha agenda e meu estojo perdidos em algum lugar da minha bolsa, e uma boa ajuda das músicas do meu celular, pensamentos e ideias interessantes passaram a ocupar a minha cabeça. E depois de todas as lamúrias e “se’s” que me trouxeram a esta mesa da Camões, tirei a agenda e a lapiseira da bolsa, e me deparei com a situação que venho enfrentando desde… desde algum ponto do ano passado: o que escrever?

Pensei em tanta coisa, em tantos planos e possibilidades… e mais que qualquer coisa, pensei em ti. Em como as coisas têm acontecido, e em como tudo poderia ser diferente. Pensei em como seria se tu não tivesses uma namorada e se isso realmente mudaria alguma coisa, e pensei no que de fato as coisas são. Porque eu realmente não sei o que pensar quando tu me surpreendes com um elogio, como quando dizes gostar do que fiz no cabelo, ou que minhas mãos são bonitas ou o quanto tu gostas quando eu uso óculos. E fico totalmente perdida quando fazes coisas como vir falar comigo dizendo que meu avatar ficou quase perfeito, mas que eu fiquei linda do mesmo jeito. O que exatamente eu devo fazer com isso?! Eu juro que tento não encorajar nada, mas tá bem difícil segurar essa onda…

Sempre que tento entender essas coisas, acabo em um debate interno, onde parte de mim prova por A+B que isso é um comportamento normal de uma pessoa simpática e aberta que não pretende demonstrar nada além do que pensa e sente, o que geralmente confunde as pessoas, e o outro lado argumenta que uma pessoa comprometida não deveria fazer isso, de modo que essa atitude tem que significar alguma coisa, ainda que de alguma forma errada. E eu me sinto como a Gigi, daquele filme “Ele não está tão a fim de você”, vendo sinais em todos os lugares, principalmente onde eles não existem, e sem o Justin Long pra me dar conselhos e acabar ficando comigo no final.

Pior que isso é a sensação irritante de que na verdade eu faço parte de outro núcleo do filme, onde tu e eu somos uma versão pós acidente extremamente traumático do Bradley Cooper e da Scarlett Johansson, mas não é verdade. Eu sou a Gigi. Indubitavelmente. Porque, correndo o risco de parecer uma virgem de 13 anos, eu prefiro ser que nem ela, e realmente acreditar que existe alguém por aí que vai enfim mandar os verdadeiros sinais, e por quem eu vou ter a coragem de ser e viver tudo o que me for permitido, por mais que eu saia pegando sinais alheios a torto e a direito no caminho. Eu sou assim, ainda que tu não sejas o meu Justin Long. Na verdade, eu sei que tu não és. Porque tu estás mais pro Ben. Porque tu mereces a Anna. E eu sei que mereço o Justin Long.

 
Somewhere Only We Know - Keane