quarta-feira, 24 de junho de 2009

Encontros.



Não sei bem o que me fez ir àquele lugar. Nada ali era do meu gosto. Nada me fazia sentir interesse ou prazer. Aquilo me parecia tão superficial. Uma caixa escura, onde não se enxergava nada, mas todos pareciam tentar ao máximo mostrar de tudo. Mostrar as marcas. Mostrar o corpo. Mostrar a si mesmo. Eu tava tão perdida. Encolhida. Tentando não ser pisoteada. Claro, porque todos mostram, mas poucos veem qualquer coisa.

Lembro de ter te visto na fila do bar, comprando uma cerveja. Skol. Adoro Skol. Nunca tinha te visto antes, mas pensei que fosse por não frequentar esses lugares. Quando notei que tu também não parecias confortável dentro da caixinha-showroom. Gostei daquilo.

Fiquei ali, te olhando de longe. Imaginando nomes, vozes, gostos, desgostos. Te moldei do meu jeito, em poucos minutos. Com a alma linda e uma risada gostosa. Um espírito livre. Mais um pouco, a gente casava! A minha imaginação sempre foi incontrolável, mesmo...

Mas, enquanto eu te idealizava, elas vinham... e iam. Ele é gay? Droga. Tinha que ser gay. Claro. Poderia ter sido uma história bem bonita... mas desencanei.

Tomei mais duas cervejas. Skol. Fingi alguns sorrisos. Ensaiei uns passinhos, tentando entender o padrão enlouquecido daquelas batidas e ruídos. Falhei desastrosamente, lógico. E lá estavas tu. Do meu lado.

Fiquei tão surpresa, que sorri. Isso deve ter te encorajado...

- Oi.

- Er... oi! [Meu Deus! Meu Deus!]

- Desculpa. Eu realmente tentei pensar em alguma coisa brilhante pra falar agora, mas acho que só me resta parecer um idiota e torcer pra que tu gostes de idiotas.

- Que tipo de idiota? Como todo o resto dentro dessa bodega? [sorrisinho simpático]

- Hahahaha, nãão! Fiquei até ofendido com essa...

- Bom, então eu posso gostar de idiotas. Meu nome é Lia. [casa comigo?]

E todo o resto foi fácil.

Tudo bem, teu nome não era Léo e nem gostavas de comida japonesa. Preferia a praia de dia. Acreditava que o Dan Brown era uns dos Caras da literatura mundial. E era viciado em azeitona.

Mas e daí? Eu acredito na Teoria da Azeitona*. E tu cantavas músicas fofas comigo. Não suportava caixas escuras, cheias de fumaça e pouco conteúdo. Não podia nem ao menos ouvir falar em U2, e amava Los Hermanos. Pular de paraquedas era o nosso sonho.

Em algumas coisas eu acertei.

Definitivamente, tinhas uma alma linda. A tua risada me surpreendeu de tão gostosa! Tua voz rouca me atingia. Tua liberdade me confortava...

Aprendi a surfar contigo. Te apresentei o Markus Zusak e a "minha" menina que roubava livros. Aprendi a gostar do teu dia. Te ensinei a gostar da minha noite. E, quase sempre, observávamos o encontro deles ao pôr ou nascer do Sol.

Casar na praia, durante um desses encontros foi algo tão lindo quanto nunca poderia imaginar na vida... E a minha imaginação, meu amor, tu sabes que é incontrolável.

A nossa vida não foi o que eu imaginei naqueles minutos da primeira noite, do meu jeitinho. Foi imperfeita. Foi melhor. E eu só posso te agradecer. Por tudo.

Mas acho que chegou a hora, amor. Vou sentir tua falta. Mas vou continuar seguindo em frente, até te encontrar novamente.


* Assista o primeiro episódio, da primeira temporada de “How I Met Your Mother”.


* * * * *



Bright Eyes - First Day of My Life.

2 comentários:

Anônimo disse...

É uma lindo, lindo blog, sem duvidas.
Uma historia incrivel, deu a maior vontade de chorar. É incrivel como a vida nos prega peças e geralmente é nos lugares mais inesperados, nas situaçoes mais inusitadas que conhecemos as pessoas mais especiais, aquelas que se tornam especiais. Muito bonito.

BiankaCampbell disse...

Amores, amigos, pessoas, colegas, diferenças, indiferenças.. o que isso importa? quando voce encontra alguem que te faz sentir bem e te faz sentir viva?
o que é um ser que pode não demonstrar as coisas, mais quando voce se aproxima percebe que aquele coração vale mais do que mil palavras.. porque procuramos tanto as pessoas.. se as vezes elas estao ao nosso lado e nao damos chance para que ela demonstre o que ela É?
espero que voce seja bem vinda nesse mundo de blog.. pq é bom fazer a libertação dos nosso sentimentos com palavras.

PS: a proposito eu amei o video.. =)