quinta-feira, 24 de março de 2011

Seja algo que você ame e entenda.

Quando eu tinha uns nove anos, fiz parte do grupo dos Pesquisadores Mirins do Museu Emilio Goeldi. Lembro de ficar maravilhada com aquele mundo verde e vivo, e do quanto me senti especial e superior por poder ultrapassar aquela corrente com a placa de Proibida a Passagem, e fazer parte do seleto grupo de pessoas que chegou a conhecer a área veterinária do Goeldi. Desde então eu tive certeza de que seria bióloga.

O tempo foi passando, e eu comecei a me interessar mais pelos mistérios do mundo aquático e tudo aquilo que o envolve. Essa curiosidade somada à vontade de aprender a surfar, na minha cabeça de menina, só podia significar que eu moraria em Florianópolis e seria oceanógrafa.

Cresci mais um pouquinho, e descobri que o que eu mais queria era viajar e trabalhar pelo mundo. Ora, o que mais eu seria se não diplomata? Bastava agora decidir qual curso me daria melhor base pra chegar no Itamaraty, mas isso não ocupou muito a minha mente. Talvez tenha parado pra pensar nessa questão quando fiz minha inscrição nos processos seletivos seriados das Universidades, no 1º e no 2º anos do Ensino Médio, mas pra quê se preocupar com isso agora? Eu ainda tinha tempo.

E então eu cheguei Naquele Ano. O último ano do começo de tudo (tive que mandar essa). Aquele ano em que o formulário de inscrição das Universidades faz aquela pergunta definitiva: mas, afinal, o que tu queres fazer pro resto da tua vida? "Cara, eu tenho 17 anos, como eu vou saber!?", foi o que eu pensei. Juro que admiro as pessoas que sabem, cursam e são felizes para sempre. Juro. Mas eu não fui capaz. Eu mal sabia o que não queria, imagina se eu saberia do que iria gostar pro resto da minha vida!

Foi aí que eu fiz seis meses de Direito na Unama, e tive a mais absoluta certeza de que era isso mesmo que eu queria, tanto que larguei a Unama e fiz vestibular mais uma vez pra Direito, e passei agora na UFPA. Se eu pudesse fazer uma visitinha pro meu eu de 18 anos, eu daria na cara dela!

Hoje, eu completo 24 anos de idade, e deveria ter recebido o grau de Bacharel em Direito ontem, dia 23 de março, mas estou certa de que o meu destino está longe da carreira jurídica. Tenho orgulho dos meus amigos que devem estar amargurando uma das melhores ressacas de suas vidas, mas sei que o direito oferece um vasto leque de opções de carreiras que não me cabem. Quero é distância!

Meu mundo é o dos livros, não das leis. Eu quero oferecer livros, mundos, fantasias; não quero pedir, decidir, julgar... implorar. Eu quero cheiro de livro novo, não de processo velho. Eu quero trabalhar em uma editora, não em tribunais, escritórios, salas de aula ou o que seja. Eu tenho 24 anos e sei o que quero. Por isso pego emprestadas as palavras do Caio Fernando Abreu: Apronto agora os meus pés na estrada. Ponho-me a caminhar sob sol e vento. Vou ali ser feliz e já volto.

Um comentário:

Delegada Mikaella disse...

Nunca é tarde para fazer o que se gosta. Muitos deixam de viver por medo, admiro a sua coragem!