quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ainda Encontro a Fórmula do Amor?

Ela não era do tipo que esperava pelo príncipe encantado. Já conhecera sapos suficientes pra afastar essa ideia da cabeça. Claro, ela sabia admirar qualidades, mas também tinha plena consciência dos defeitos. Esperava, sim, por alguém bom, mas nunca perfeito. Perfeição não existe, ela sabia. Mas não só não esperava, como não queria! Perfeição deveria enjoar, ela imaginava.

Sempre fora bastante racional. Considerava e objetivava sentimentos. Racionalizava qualidades e defeitos, pesava-os e decidia se valiam à pena ou não. Isso sempre a ajudou e protegeu na hora de fazer escolhas. Porque, sim, ela escolhia. Escolhia arriscar. Mas nunca era arriscado. Suas escolhas eram seguras. Pragmáticas. O Bom menos o Ruim. Resultado positivo, ia em frente. Negativo? Não dava mais um passo sequer.

Parecia insensível. Mas ninguém poderia dizer que ela era infeliz. Ela era segura, bem resolvida, tranquila e feliz. Vivia bons relacionamentos com pessoas agradáveis, que combinavam com ela e colaboravam pra sua felicidade. Um toma-lá-dá-cá, como qualquer relacionamento deve ser, com a única diferença de ter surgido de uma fórmula. A velha fórmula do amor.

Mas seria possível? Poderia alguém encontrar tal fórmula? Ela acreditava que sim. Não só acreditava, como vivia a fórmula. Fazia os cálculos cuidadosamente. Analisava os resultados. E vivia o amor. Ou assim pensava...

Nunca havia duvidado da eficiência da fórmula. Estava plenamente satisfeita com a vida que levava, baseada na ciência do cálculo. Até que – sempre, mas sempre tem um “até que”, não duvide – ele surgiu. Ele. Aquele que contestaria a sua ciência. Aquele que embaralharia números e operações, e derrubaria sua fórmula.

Seus defeitos misturavam-se às qualidades. Ela não conseguia distingui-los, para então equacioná-los. Ficou confusa. Sua segurança a abandonou. Sua tranquilidade foi abalada. Repeliu-o, mas tudo a prendia a ele. Tinha curiosidade. Ela queria decifrá-lo. Entendê-lo. Ela dependia da sua fórmula pra definir as pessoas, e ele permanecia indefinido. Isso era inconcebível. Por mais medo que sentisse, precisava permanecer ao lado dele. Isso era incontestável. E, assim, passou a conhecê-lo.

Jogou fora a sua fórmula. De que ela lhe servia? Ele era inequacionável. Seus defeitos e qualidades se fundiam, como para completar o seu ser. Separá-los e adicioná-los era impossível, pois eram um só. Eram parte dele. Do todo. E esse todo... nossa, como era lindo! E como encaixava com o seu ser! E era só disso que ela precisava. Era só isso que ela buscava, mesmo sem saber. E teve sorte de encontrar.

Desde então, só um assunto da matemática a interessava: conjuntos. E era o conjunto da vida dela intercedendo com o conjunto da vida dele.











* * * * *

5 comentários:

Marcia disse...

Olá querida Lia

Pior que é bem desse jeito mesmo, quando o amor é baseado só nas nossas teorias e formulas, tudo é muito mais simples , seguro e fácil, porém quando encontramos o principe que mais parece sapo, nos confrontamos com nossas teorias , que de nada servem quando nos apaixonamos ...
A prática com quem meche com a gente é tão diferente das letras...
ai a ai ... o amor amiga , só meso beatles , para nos entender rsrsr..
^Voçê já está recuperada do Sírio de Nazaré? Vi na tv , loucura aquee povo todo ns ruas hein ??
beijos um good day prá ti...

Anônimo disse...

É verdade mesmo, os principes vem disfarçados, nos fazendo duvidar de tudo aquilo em que a gente sempre acreditou. Mas no fim das contas, sempre vale a pena.

Marina disse...

que lindo! me identifiquei totalmente com essa história rsrs
pena que o meu príncipe esteja em uma fase meio sapo, mas sempre acontece né? lol
ainda me admiro com o quanto vc escreve bem, Lia...

Ivens B. Iskiewicz disse...

Nossa Lia. Que texto! De tirar o folêgo em algunas partes, talvez por me fazer refletir sobre momentos que são descritos no post. Realmente bom. Singelo, doce...
Mas eu não gostei muito da "fórmula" com que ela encarava a vida e o amor nos 2 primeiros parágrafos, acho que por eu me ver assim em alguns momentos da minha vida.
Acho que por mais que vejamos muitos sapos, nunca podemos desistir do príncipe (No meu caso da princesa né, por favor :P)
Ser pragmático tira o gostinho real da vida, dos sonhos, da pitadinha de ilusão e inconsequência necessária a uma vivência intensa e feliz.

Nossa, acho melhor parar por aqui. Essa postagem me fez refletir como há muito não acontecia. Obrigado Lia.

Parabéns pelo blog, mais uma vez. =*

Keisy Oliveira disse...

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